10.2.12

NÓS, AS MALAS



Vamos à descoberta, ao achamento,
à aventura, à procura dos mundos
infinitos que guardamos nas malas.

Como pesam as malas. Por entre
os fatos,  os livros, os sapatos,
arrumam-se, invisíveis, os segredos,
e, no regresso,  as mortes dos caminhos.
A pele das malas transporta as nossas
cicatrizes, a gala das noites de diamante,
os rótulos sucessivos dos nossos
sucessivos rostos, os nomes sobrepostos
das cidades do frio, do calor, da mansidão.
Dentro das malas se atravessa a vida.
Viajantes eternos, à descoberta, vamos.


Licínia Quitério

4 comentários:

Justine disse...

Belíssimo, Licínia!E as mortes a cada vez pesarem mais dentro das malas do nosso coração!E as memórias, ah as memórias!
Mas lá vamos na viagem, às vezes arrastando as malas, às vezes com uma força inusitada!

M. disse...

Como gravura antiga de livro delicado este conjunto de imagem e palavras. Muito belo e especial.

Manuel Veiga disse...

não deixemos as malas abandonadas pelo cais...

... e busquemos "um pouco mais de azul".

belo poema, minha amiga.

beijo

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

A ti , a minha vénia !
Um abraço

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