16.2.12

O BANCO DA AVENIDA


o que apetece mesmo e vale a pena
é sentar-me no banco da avenida
fazer com ele corpo e amizade
desdobrar um jornal da semana passada
e assim com o harmónio dos braços
reler as tardes que por ali passaram
e as outras que vieram de longe
e se enroscaram no meu colo de garça
e às vezes apertaram até que um grito
me mordia  e eu entontecida me perdia
há tanto tempo foi que já não lembro
a cor dos meus cabelos a varrer
o teu ombro da largura do mundo
ou da avenida ou do parapeito
da janela não vem isso ao caso
mas sei que é no teu ombro que descanso
quando me sento e leio as tardes
e os pombos no banco da avenida


Licínia Quitério

7 comentários:

Maria disse...

Começamos a não ter tempo para nos sentarmos nos bancos da avenida...
É bom ler a tua poesia, fico a respirar melhor.

Um beijo, Licínia.

hfm disse...

Há poemas que nos tocam particularmente. Este é um deles - tema e poética!

Justine disse...

Tão belo e tão nostálgico, amiga!

M. disse...

O movimento de um poema de amor. Tão bonito!

Filoxera disse...

Pois eu hoje rendi-me por um momento ao cansaço e deitei-me num banco do parque.
Só não fui surpreendida pela inspiração...
Beijinhos.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Passo agora devagarinho para te ler ... E, ganhar a minha tarde .

Manuel Veiga disse...

poema envolvente.

beijo

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