30.7.12

ESTE LUGAR


Ah este lugar sofrido de penúrias
este corpo cansado de anestesias
e provérbios
este retângulo de sol e ousadias
breves como breves os ganhos
os acertos e os projetos
Um pé nas pedras negras outro
nas pedras brancas
disciplina disciplina
pequenas travessuras
insurrreições de pouco sangue
revoluções até de flor na boca
Um travo amargo de ciúme
palavras afiadas palavrões
de toureiro e fadista
Amores lendários tumulares reais 

de realezas e nobrezas
que o povaréu não ama 

nem aproveita a cama
Nebulosos impérios hão de vir
e a salvação oh a salvação
há de estar ali à mão 

de semear papoilas e não
colher o pão
Amarrado à cabeceira
deste continente
o lugar não sente
o cheiro da semente
da serpente
Venha depressa a rima
que lhe dê
o ensejo 
de gritar


Nunca mais a morte do desejo

Nunca mais

Licínia Quitério

1 comentário:

Mar Arável disse...

Belo como sempre

... mas não semeies papoilas

deixa que medrem espontâneas
e voem

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