23.7.12

OS CÃES


Silentes os cães da lua
na descida da falésia
no silvo dos canaviais
na norma antiga das marés
Mansos os cães da noite morna
esquecidos de feras e de carne
Cães como peixes
calados 
de olhos líquidos
abertos na escuridão
Recordam os cães do sol
as suas vozes rubras
as caudas vigorosas
os olhos limpos
enfrentando a solidez da terra
Isso foi antes da lama
da cinza
da compra da indiferença
Desceram a falésia
São os cães da noite
calados e frios
como peixes de vidro


Licínia Quitério

2 comentários:

Manuel Veiga disse...

"cães, como nós"...

gostei muito.

beijo, amiga

Nilson Barcelli disse...

Excelente, como sempre que leio um poema teu.
Licínia, há imenso tempo que não te visitava. Mas continuas a escrever maravilhosdamente bem..
Beijo.

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