29.7.13

A INCONSTÂNCIA DAS ÁGUAS



A inconstância das águas inunda-me a memória quando me debruço no leito imemorial das fontes. Ao meu encontro vêm as sombras ondulantes dos castelos submersos pela incúria dos homens, pela quezília dos deuses. Um canto ignoto aflora a minha dor e uma dança acontece-me nas estradas do corpo. São flores inertes, silenciosas, imponderáveis, de pétala aguçada, de fogo e de gelo, tão distantes da vida, tão distantes da morte. O apelo da mãe de água, seu anúncio de limos, seu  respirar de réptil, meu desvario, meu cansaço, minha vontade de ficar e de partir, silente e nua, também líquida, na abstinência dos sentidos, na absoluta ignorância do amor.

Licínia Quitério    

1 comentário:

Mar Arável disse...

No equilíbrio das assimetrias

despontam belas as marés

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