23.10.13

NOITE


Transfigura-se o homem na poalha da noite, 

o musgo a crescer na invisibilidade das cortinas. 
Na pele da noite pingam soluços. 
Borboletas gigantes endoidecem e 
rasgam as asas na melancolia do homem. 
Todas as ruas sobem. 
O homem avista um castelo e sobe, 
os ossos atados ao coração. 
Todas as noites são de chuva se 
o homem tiver esquecido o sabor das lágrimas. 
Quem sabe uma palavra fundamental 
o guie na subida, o restaure, e o seu nome
se dissolva numa avalanche de luar.
Só a noite absoluta condena ou purifica.

Licínia Quitério

5 comentários:

Paula Raposo disse...

Gosto muito de te ler! Beijos.

Mar Arável disse...

O absoluto mata

Justine disse...

Estaremos condenados?

M. disse...

Lindíssimo!

Manuel Veiga disse...

só a noite o purifica - ou o fogo!

admirável poema.

beijo

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