23.7.14

ESPERA-ME


Espera-me como se eu fosse um barco carregado de névoa a dissolver horizontes.  O meu corpo é a gávea onde subiram marinheiros, buscadores de outros céus, desistentes da terra e suas glórias. Não me julgues de velas golpeadas nem de remos quebrados. Basta-me o vento ou a sua ausência. 
Repara como envelhecem as traves da vigia. Só eu não envelheço porque amarrei o tempo a uma escuna e a mandei vogar, vogar sobre o nada a que tu chamas mar. Se de esperar te cansas, abre a janela e vem, voa, caminha, abre as águas e adormece. Eu sou a névoa, eu sou o barco, ficarás comigo a dissolver horizontes. Que te importa o olhar?

Licínia Quitério  
    

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

ganhar asas e fôlego contra a desistência.

belo. sempre.

beijo

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