7.7.14

SINTO FRIO


Sinto frio e estranho-me. Vejo o sol, mas tenho frio. Um frio que me ficou de há muito, de um tempo finito de encostas soalheiras, de campainhas azuis, de morangos maduros. É um frio opaco, de despedidas e desistências, de cumes gelados, de abraços esquecidos no avesso da memória. Um frio de animais abandonados nas bermas, e quem diz animais diz irmãos, amigos, expostos à devora, à avidez da nova selva que não tem fim, não tem fim.

Licínia Quitério

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

um aconchego de mãos para esconjurar esse frio...

beijo

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