14.8.14

JÁ NÃO TE LEMBRAS


Já não te lembras de me teres falado da sobrevivência das rosas, da sua permanência nos desertos, onde os homens lhes dão nomes impróprios, ignorantes da teimosia das rosas revelando a água, prometendo novos lagos que matarão a sede, matarão a insânia. Eu recordo como o brilho dos teus olhos atraía o perfume das rosas, ainda que o inverno corresse áspero, e das rosas do quintal não houvesse mais que uma estação de esperas. Neste tempo de cardos e fogueiras, revejo as rosas que dizias, na infâmia das cidades. São as rosas de sangue, rente aos muros, a afirmarem a impermanência do ódio e a anunciarem os lagos que, disseste e não te lembras, serão o fim da  seca e da loucura. 


Licínia Quitério 

1 comentário:

O Puma disse...

Abraço de Cuba
no Alentejo

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