2.10.14

AFASTA-TE



Afasta-te dos mentores das tempestades. Podem ser a leveza de um chuvisco e tu, incauto, deixas-te molhar. Ou golpe de sol e deixas-te abrasar. Ou a brisa e deixas-te levar. Depois vem a torrente, o incêndio, o furacão. Foi o instante que te derrubou, traiu, violou. Dormia o medo nos teus vasos secretos e tu foste o peito dado às balas, a comoção das feridas, o choro dos salgueiros. Foge deles, abriga-te, dorme se for preciso, mas não creias, não confies, não confundas o doce com o visco. Cairás de novo, até que chegue o dia de saberes o mel, a calmaria, a rectidão das pautas, a alegria das praças. Se nada mais souberes fazer, recorda os hinos de madrugar, e canta, canta, que os danados da noite não suportam o canto, enlouquecem e vão.


Licínia Quitério  

5 comentários:

Fernanda Calçada disse...

Não! De ti é que não me afasto, Licínia. Beijo amigo.

Manuel Veiga disse...

sábio conselho!

mas quem pode resistir ao apelo dos abismos e à tentação do voo a derreter as asas?

muito belo.

beijo

Graça Pires disse...

Que belo Lícinia. A conter avisos de bem querer...
Beijos.

DE-PROPOSITO disse...

recorda os hinos de madrugar, e canta, canta,
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Quem canta, seus males espanta.
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Felicidades
MANUEL

Graça Sampaio disse...

Muito bonito!!! Parabéns!

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