Não, não entendi, não amei a poesia de Herberto Helder nos meus anos verdes de leitora. Deixei de lado, ali no canto dos "obscuros", dos que sabia um dia haveria de ler, amando. Foi tarde que aconteceu, não sei quando nem como nem porquê. Lembro-me de ter folheado, displicentemente, um dos livros do canto e pensar, como é que eu não vi isto, o tempo que eu perdi. Foi daí que me apaixonei pelo HH, que passei a pensar nos seus poemas mesmo sem os ler, qualquer coisa que eu não sei explicar, como se a força dele também estivesse em mim e me guiasse as palavras em direcção aos seus ritmos de terras negras e águas ferventes. Talvez eu esteja atacada de algum lirismo serôdio, tão desajustado do pulsar de HH, mas a sua "morte sem mestre", não a do livro que me inquietou, me causou estranheza, mas a morte dele, deu-me uma dor de perda de algo, ou de alguém muito amado, mestre e guia, um homem grande, triste, bebedor de abismos, passageiro ardendo, indo.
Licínia Quitério
2 comentários:
Subscrevo o teu texto, Licínia.
A falta que nos vai fazer...
Um beijo.
Silêncios em voz alta
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