8.6.15

DISTÂNCIA


Este é o meu tempo de distância.
Entre mim e mim alonga-se 
um campo de túlipas e sossego.
Não direi da nuvem, mas do azul.
Dos náufragos, direi aventureiros de abismos.
Deitarei a estranheza na cama da noite, 
sem embalo e sem sono.
Sou agora o passageiro cego.
Procuro a mansidão dos covis 
para onde tendem as feras.
Um clamor assola-me os nervos.
Virá das entranhas do mundo 
ou da onda que se levanta 
nas manhãs loucas dos justos.
E a distância se faz casa de Orestes, 
asa de Ícaro, 
corvo e pomba, 
corpo. 

Licínia Quitério

4 comentários:

Mar Arável disse...

Agora desfruto as buganvíleas

Manuel Veiga disse...

poesia plena!... madura... sábia.

pleno e seguro domínio da palavra poética.

beijo, querida amiga

Justine disse...

Tempo de paz, Licínia? Serenidade na procura de sempre...

Unknown disse...

Olá, Licínia.
Poema bonito, mesmo que siga "de olhos fechados e mãos vazias". Vamos aprendendo a distância, por fim.

bj amg

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