18.12.15

ANJOS



Os anjos são assim. 
Bonacheirões, alados, 
rechonchudos, doirados. 
Pairam, espreitam, sorriem. 
Podemos avistá-los numa dobra 
da tarde, num adejar de pomba, 
por entre cortinados. 
Silenciosos, falam-nos. 
De olhos fechados, olham-nos. 
Imóveis, perseguem-nos. 
Neles revemos a bondade, 
o sossego, a leveza, 
a protecção na queda, 
o impulso na subida. 
Rimo-nos, e é de nós que rimos 
ao dizer que os anjos não existem. 
Calamos o desejo de acreditar em anjos, 
serenos, dadivosos, ternos. 
Dizemos anjo e pensamos homem, mulher, 
livres, férteis, sem dor e sem culpa, 
angelicais, apaixonados, 
tremendamente humanos.


Licínia Quitério

4 comentários:

O Puma disse...

Se forem de chocolate

comem-se

Bj

Rui Fernandes disse...

Ouvi-te falar de anjos e, então, passei por aqui. Um beijinho. Boas festas. Celebremos o nascimento do novo ano.

Graça Pires disse...

Anjos: uma simbólica miragem do paraíso... Gostamos de acreditar neles.
Um texto belíssimo, Licínia
Desejo um Natal cheio de conforto e um Ano Novo com muita Saúde, Paz e Amor.
Beijo.

Manuel Veiga disse...

tão humanos os anjos, que por vezes caem... dos altares!

são os "anjos caídos" ...

beijo, querida Amiga

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