14.1.16

MADRUGADA


Inefável a luz da madrugada
a convocar memórias
de terras nunca vistas

Os olhos arrasados
a tentar abarcar
a transfiguração 
Nas ramadas mais altas
avistam-se fulgores
cintilações de pássaros
Sonolentos os homens
de esperança no bornal
a encetar o dia
Um navio de espuma
atravessa a distância
do coração do homem
ao coração da terra
Com seu esplendor divino
aurora se apresenta
enfeitiça deslumbra
mansamente se esvai
No ar persiste o cheiro
das queimadas
A névoa sobre o rio
é um véu de bondade
a amaciar tristezas
Já os homens caminham
em direcção ao sol
Amanhã voltarão
de novo partirão
mais uma vez e outra
e a madrugada espreita
tremeluzente 
eternamente nova

Tão breve o que é perfeito
Tão demorada a noite

Licínia Quitério

1 comentário:

Graça Pires disse...

Enquanto te lia pareceu-me estar a ver uma pintura... Tão belo!
Um beijo.

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