Quero dizer-vos que estou aqui
e me pergunto de onde venho
como cheguei
quem me pegou na mão
e disse vem e fala
vem e escreve
e eu falei e eu
escrevi
Depois foi só esperar que a voz
soubesse o marulhar das ondas
e as palavras fossem
o caminho onde toda a aventura
é uma planície aberta e limpa
à espera da semente que a fecunde
Não sei se sou a terra ou sou o grão
se sou a mão ou o arado
Sei que vou continuar
na voz do vento
no vai-vem das marés
sem perguntar quão vasta é a planície
quem me espera na outra face da Lua
Ninguém me deu o livro
das verdades
mas eu vou
Licínia Quitério
Sem comentários:
Enviar um comentário