sentados nos sofás da sala
todos desiguais
um era grande e escarlate
o outro era branco e outro ainda mais pequeno
tinha por cima uma manta de quadrados.
Líamos e de vez em quando falávamos do que líamos.
Raramente estávamos de acordo
como convinha à diferença que cultivávamos
com primores de jardineiro.
Recordo bem a tarde em que lias
relias
um livro sobre trigonometria
em búlgaro
tenho a certeza
a língua em que chegaste a sonhar.
Eu teimava em terminar um poema sobre o Pont-Neuf
que não leste.
Dessa tarde não recordo mais nada.
Talvez tu tenhas adormecido no sofá branco
e eu me tenha embrulhado na manta de quadrados.
Afinal era Fevereiro e fazia frio.
Licínia Quitério
3 comentários:
No mais íntimo da pele
Acompanho a muito tempo seu blog e sou muito fã de seus poemas. Cada poesia sua que leio me encanto mais. Obrigada.
Memória dos afectos.
Sempre excelente, Licínia.
Uma boa semana.
Um beijo.
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