16.5.18

A SEDE


Nasceram há muito
inda o país era um desejo
de terras férteis águas mornas
onde pousar a espada e acasalar


Guerrearam os que chegavam


Não sabiam que partilhada

a terra cresce  e alimenta
a água brota e dessedenta

Deuses com deuses nunca se entenderam


Os homens com eles aprenderam
a vigiar dos altos quem se atreve
a cruzar o caminho da abundância

a cobiçar mulheres do outro dono

Pedra sobre pedra subiram torres
muralhas a proteger as torres
fortes e fortins e revelins

A cidade cresceu encarcerada
nas pedras do seu medo
até que os homens se atreveram
ao campo aberto e livre
na paz da vizinhança

Hoje passeiam o olhar 
pela inutilidade dos castelos

A água brota lá dos fundos
benfazeja e morna

Nos homens adivinha a persistência
da sede de outros muros

Licínia Quitério

2 comentários:

Graça Pires disse...

Um grande beijo, Licínia.

Mar Arável disse...

Nada é perfeitamente inútil
nem os castelos
Bj

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