14.12.19

FLORES DA NOITE



São as flores da noite que te embalam o sono, te segredam promessas de adornar a árvore dos dias.

Flores a preto e branco, flores descoloridas, magníficas flores, simetrias radiantes, invisíveis na claridade das ruas, na penumbra das casas.
Só no chão das noites se alimentam, na poeira acidulada dos leitos, e sobem, sobem, rodopiam, entrelaçam silêncios, dançam histórias sem princípio nem fim, 
dizem-te, dorme, dorme, o teu sono é a nossa vida, o nosso tempo.
Amanhã recordarás um tilintar de loiça fina, a despertar-te, e um doce aroma a inundar-te as horas.
Dirás de goivos, de laranjas, de jasmins.
Não saberás das flores que vivem nas paredes das noites, flores loucas, flores de carne, flores impossíveis no estrépito diurno.


Licínia Quitério

2 comentários:

Graça Pires disse...

Não, não sei nada das flores que vivem nas paredes da noite… Lindíssimo o teu poema.
Que tenhas um Natal cheio de conforto e um ano de 2020 com tudo o que desejas.
Um beijo Licínia.

Mar Arável disse...

Tudo pelo melhor
estimada amiga
Bj

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