27.12.19

TEMPOS


No tempo de ser erva ofereci-me aos bichos e aos homens e ensinei-lhes o verde e a frescura. 

Depois fui pedra e dei poiso aos bichos e aos homens para despirem o cansaço.
Nesse tempo de pedra aprendi a descida e o prazer de rolar e ver o céu rolar em minha volta.
Depois experimentei ser água e lavei as memórias de ser erva e de ser pedra.
Agora respiro fundo ao cheirar a erva acabada de cortar.
Apanho pedras no caminho e acaricio-as.
Guardo nos olhos o ondular das águas de regresso. 

Chamam-me mulher.
Ainda me falta ser vento e ser viagem.

Licínia Quitério

3 comentários:

Graça Pires disse...

Chamam-te Mulher. E és a mulher que nos traz palavras e lugares inesquecíveis.
Que o ano de 2020 te traga dias cheios de harmonia, amor e saúde para ti e para todos os que amas.
Um beijo.

maria joão moreira disse...

Tão bonito...

Iolanda disse...

Brilhante. (Como são as suas palavras.)

arquivo

Powered By Blogger
 
Site Meter