Havemos de voltar deste degredo
com a bagagem que guardámos
a salvo da inclemência e da usura.
A nossa pele terá envelhecido
esquecida do calor do outro corpo.
Proibida a volúpia
as nossas mãos serão maiores
porque espalmadas longo tempo
nas coxas, nas mesas,
nos vidros das janelas.
Na aprendizagem das fronteiras
soletrámos medo com as letras
que dantes nos diziam amor
ou ousadia.
Havemos de voltar da guerra
sem saber para que servem
os braços ou os lábios
a não ser para funções de sobrevida.
Por muito tempo havemos de temer
o irmão, a mãe, o filho,
todos capazes de nos matar
com a arma invisível
que o seu sangue transporta.
Voltaremos do palácio da demência
à casa donde nunca saimos
e nada contaremos da viagem.
Licínia Quitério
4 comentários:
Claro que voltaremkos, só não sei se mais sábios. Sei que mais cansados.
Uma vez mais, Licínia, venho beber dos seus Poemas. Sempre conseguem ajudar a curar-me.
Gostei muito. Obrigada.
Um grande beijo minha Amiga Licínia.
As palavras encadeadas, encandeadas. Sempre com um passado olhando o futuro.
Bjs
B
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