Na gola do poço as pedras
polidas pelos anos dos homens.
Curva contra curva, as pedras amparam
a coxa, a cintura, o bojo do ventre
de quem se abeira, se atreve, se inquieta.
Logo abaixo, no côncavo dos muros,
as avencas são o verde, a frescura,
o recorte miúdo da ternura.
Depois, a escuridão dos fundos,
cama de águas, espelho negro,
tentação e eco de velhos medos.
Se a nascente secar, o lodo guardará
a memória da água que dizia
a figura dos homens debruçados
nas pedras polidas, acima das avencas,
do fundo temerosos, desejosos.
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