27.7.24

A CIDADE

 Juro que era cinzenta quando a conheci

a cidade


Toda de pedra

geométrica tão geométrica

feita para eu me perder

na volta duma quadrícula

O rio fazia o seu desenho e seguia

indiferente à exactidão da cidade

Quase sempre cinzento

o rio

a não ser num único poente

em que o encontrei distraído a colar escamas de luz

nas pontes

Amei a cidade cinzenta

Voltei e voltei à cidade cinzenta

até deixar de ter medo de me perder

na geometria

Sempre encontros marquei na tal hora do poente

quando o rio se distrai por me ver e acende

a água

e desenha nas pontes meias luas

Agora quando penso na cidade

sei que cinzento é a cor das cidades que amamos

quando pela primeira vez as visitamos

Para não me repetir passei a dizer pessoas e não cidades

Licínia Quitério

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