QUEM ERAS?
Estiveste sempre lá, no outro lado,
no avesso do leito,
embora ali.
Mais doce que o segredo
era o teu corpo a espraiar-se no meu,
a soçobrar.
Eras um sobressalto,
por detrás da rocha do teu dorso,
em arco tenso a despedir a flecha.
Quem eras, para além
da doçura do olhar,
da fervura do beijo?
O desejo de alguém que
ouvi chorar
baixinho, noite fora.
Ou talvez fosse o vento
a sussurrar teu nome verdadeiro.
Eras o belo passageiro
clandestino, à procura de abrigo
na pele do meu lençol.
Eras (quem sabe?) o tormento do mar
a querer prender a onda
e guardá-la na areia,
para a poder visitar
e amar na lua-cheia.
Não sei quem eras.
E depois?
Sei bem que foste, Amor,
igual a nós os dois.
Licínia Quitério, "Da Memória dos Sentidos"
A partir de hoje, serei um nome e um apelido e não apenas duas letras e dois pontos. Sentir-me-ei mais confortável, assim por extenso, nesta casa que vou construindo com as palavras que os dias me derem e que partilharei convosco.
Licínia Quitério
4 comentários:
Olá Licínia, prazer em conhecer-te!
Forte, poderoso, envolto em saudade este poema de amor...
És poetisa, sem dúvida!
Bjinhos
Belíssimo poema!! Bom fim de semana. Beijos.
Bonito, como sempre...
tia, sei que andas entretida com o teu cantinho novo, mas não te esqueças de visitar o meu, que já tenho saudades dos teus miminhos!
Rodrigo
É bom quando se pode ler boa poesia. E a tua é! Desculpa tratar-te por tu, mas acho que a Poesia também serve para unir as pessoas, de uma forma generosa e próxima. Ainda bem que tens o teu nome, as iniciais provocam uma ambiguidade, um incógnito, que me incomoda. Eu, para o melhor e para o pior, sempre tenho usado o meu nome verdadeiro, e felizmente, até ver isso não me trouxe problemas.
Um abraço
Teresa David
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