Tinham o rosto aberto a quem passava
Tinham lendas e mitos
e frio no coração
Tinham jardins por onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados
Tinham fome e tinham sede como os bichos
e silêncio
à roda dos seus passos
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços
EUGÉNIO DE ANDRADE
O Poeta brasileiro Manoel de Barros afirmou: "Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos". A propósito deste poema à sublimidade do Amor, quero que o pássaro diga o que eu não sei dizer.
L.Q.
1 comentário:
Aprendi a gostar da Poesia de Eugénio de Andrade ao conhecer
"Os amantes sem dinheiro" e ao ouvir alguns textos lidos por uma Amiga ligada ao Teatro.
Muito belo menina o que aqui apresentas.
Um beijo
Maria Mamede
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