Auguste Rodin - A Catedral
Se o poema demora,
espera o progresso dos ramos,
o choro oculto
na voz quente dos homens,
o anúncio do verão
na curva da cintura das mulheres.
Repousa as mãos na mesa
até que se desdobre
o algodão bordado
e se apresente o pão.
Dorme.
O corpo sobre a manta
da névoa litoral.
Acorda, com a calma
de um dia sem defeito.
Acolhe a ternura nas mãos,
o beija-flor no peito,
a música na pele.
Chegará o poema
a inundar a folha de papel,
a gravar nas sementes
a quentura do sol,
a desenhar perfis
de estátuas gregas
no céu do laranjal.
Licínia Quitério
"... Para seu equilíbrio, o Homem necessita tanto de instrumento como de símbolo, tanto de funcionalidade como de poesia, tanto de engenharia como de transcendência.
O excesso de um destes lados da balança produz doença. O excesso de instrumento produz a angústia de um grande vazio interior. O excesso de símbolo pode levar ao delírio sem meta nem objectivo.
A nossa sociedade prima pelo excesso de função. Pela falta de voo. Pela incapacidade para dialogar com as grandes e misteriosas forças do Universo e da alma humana.
Mas em todos os momentos da História apareceram os artistas e os poetas com as suas oficinas de pedras e de cores, de palavras e sonhos, a tentar levar o nosso olhar mais acima e mais ao fundo.
Estes artistas e poetas são homens e mulheres inquietos. Gente que se interroga sobre as suas angústias, que fala com a macieira e com a corrente do rio, que constrói catedrais e que se alimenta de música. ..."
JOSÉ FANHA
Se o poema demora,
espera o progresso dos ramos,
o choro oculto
na voz quente dos homens,
o anúncio do verão
na curva da cintura das mulheres.
Repousa as mãos na mesa
até que se desdobre
o algodão bordado
e se apresente o pão.
Dorme.
O corpo sobre a manta
da névoa litoral.
Acorda, com a calma
de um dia sem defeito.
Acolhe a ternura nas mãos,
o beija-flor no peito,
a música na pele.
Chegará o poema
a inundar a folha de papel,
a gravar nas sementes
a quentura do sol,
a desenhar perfis
de estátuas gregas
no céu do laranjal.
Licínia Quitério
"... Para seu equilíbrio, o Homem necessita tanto de instrumento como de símbolo, tanto de funcionalidade como de poesia, tanto de engenharia como de transcendência.
O excesso de um destes lados da balança produz doença. O excesso de instrumento produz a angústia de um grande vazio interior. O excesso de símbolo pode levar ao delírio sem meta nem objectivo.
A nossa sociedade prima pelo excesso de função. Pela falta de voo. Pela incapacidade para dialogar com as grandes e misteriosas forças do Universo e da alma humana.
Mas em todos os momentos da História apareceram os artistas e os poetas com as suas oficinas de pedras e de cores, de palavras e sonhos, a tentar levar o nosso olhar mais acima e mais ao fundo.
Estes artistas e poetas são homens e mulheres inquietos. Gente que se interroga sobre as suas angústias, que fala com a macieira e com a corrente do rio, que constrói catedrais e que se alimenta de música. ..."
JOSÉ FANHA
21 comentários:
:)
Muito bonito o teu poema, Licínia! E o trecho do José Fanha emparceira lindamente com o conjunto (imagem incluída).
Bjos.
...esperar o poema! É isso! É como esperar o carrossel andar. A vida precisa de poesia e carrossel colorido.
que tal,?
Muy bien; have a nice day
Bonne journée
http://www.santeducation.com/
Um abraço, Licínia.
Linda sua poesia, e também o texto. Abraços
Mariana
boa noite
sim, andam todos meios adormecidos, alienados. e não querem ser incomodados com as perguntas impertinentes dos outros...
que serão... os doidos?
Tão belamente terreno este poema. Gosto muito.
Que chegue então o poema, com aromas do Outono que se avizinha.
Bom fim-de-semana.
Bem, querida Licínia, não sei como exprimir que adorei, adorei...Tudo!
- a escultura de Rodin
- o teu poema
- o trecho de José Fanha
Perfeito, na estética, no sentido, na mensagem!
Equilíbrio...harmonia...é isso!
Beijos
Da poesia, não digo: Espero...
Bom fim de semana:)
Quando o poema demora, algo virá despertá-lo em nós. Há que dar-lhe tempo. :)
Gostei também do texto de José Fanha. Complementa bem o teu belo poema. **
« ...A nossa sociedade prima pelo excesso de função. Pela falta de voo.»
E está tudo dito.
Do poema o sítio agradável.
Bom domingo.
(porque precisavas de ler o texto todo?)
Abençoadas mãos, cujos dedos tecem tamanha beleza poética.
beijinhos muitos e desejos de uma boa semana, amiga.
Adormecidos "Pela falta de voo. Pela incapacidade para dialogar com as grandes e misteriosas forças do Universo e da alma humana."é assim que anda meio mundo...
Só para deixar um beijinho
Uma boa semana vizinha:)
foi bom encontrar este poema nesta data especial para mim.
Obrigada por ele!
Sim a vida o que vale sem sonhos e realidade?!
Beijinhos
Excelente poema, forte, cadenciado.
Ele tem o poder de não nos prende aos amores idos, nem so que estão por vir. Refere-se a vida, como uma contenção aos nossos ânimos, a que vivamos ela de forma harmoniosa, contada a esperança, a espera.
Um Beijo
Naeno
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