Veste um fato arroxeado
cor de súplica.
Talvez pela manhã
se pudesse dizer acastanhado.
Lavrado de ogivas
e de mãos em estrela.
Sobre a terra gretada
e as pedras ainda mornas,
verte promessas de frescura.
Segreda destinos às aves de viagem.
Conduz as mãos dos homens
no afago de telhados e janelas.
Ensina as conchas da ternura
aos amantes cansados das areias.
É um tempo amável,
para ser lido nas heras
irmãs dos velhos muros,
nos frutos caídos de muitas gulas,
no leque multicolor do sol poente.
Dão-lhe o nome de Outono.
Ele chama-me Inverno.
Como quem diz sossego
ou anúncio de sono.
É inevitável falar dele. Do Outono. Para nós, os que vivemos visitando as quatro assoalhadas da nossa casa anual.
Há quem o adore e se sinta acalmado dos excessos do Verão. É tempo bom para os contemplativos das subtis mudanças. Inspirador de poetas e músicos e pintores. Há quem o tema e pense nele como num fim de tempo.
Aqui, em nossa volta, a Natureza afadiga-se na mudança dos cenários. Sinto-lhe a respiração forte de quem tem muito para dizer. Não deve ser nada fácil preparar o arrumo dos móveis na velha e austera fortaleza do Inverno.
Licínia Quitério
17 comentários:
Outono, Outono... o tempo das folhas ruivas, da música intimista, do espaço para o prazer da leitura, do desejo de andar pelo campo sem recear a violência do sol, da ..... poesia, em suma !
Olá Licínia,
Desculpa a pergunta, mas tenho uma curiosidade por satisfazer: tens livro(s) publicado(s)?
Em caso afirmativo gostava, naturalmente, de o(s) adquirir.
Beijinhos.
Lindíssimo texto e fotografia.
Para mim é sempre um tempo de cores e de cheiros únicos.
É lindo! Com todos os seus tons avermelhados. É lindo o outono.E é lindo como o descreves.
beijos
O Outono
não me tira o sono
e o Inverno também não;
da primavera não fico à espera,
muito menos do Verão.
Lamentável
não existirem mais estações, não é?,
uma por cada mês,não mais.
O tempo assim era mais lento;
como entrar num combóio
no Cais do Sodré
e só sair em São Bento.
Alberto/Legivel
(Parceria promotora de espectáculos ao ar livre e outros nem por isso)
Um óptimo dia cheio de sorrisos!
adorei o teu Outono:)
para quem tem crianças por perto
peço desculpa de me utilizar do teu blog mas sei que não te vais aborrecer:)
MUITO GRAVE
e porque é de uma gravidade extrema, agradecia que fossem ao
http://indigo-as-princesas.blogspot.com/
e divulgassem o máximo já que, ao que parece, a nível legal, nada funciona e a megera continua impune e à solta!!!
Belo o triângulo: textos e fotografia. Ah o Outono sempre tão inspirador! E tão bonito em ti!
O Outono é das estações do ano, aquela que menos gosto...deixa muitas saudades do Verão...!
É das estações do ano mais melancólicas e mais nostálgicas...
Gostei de te rever/ler...deixo-te um beijinho grande ;)
Eu gosto do Outono, com todos esses matizes e analogias de que o teu belo poema fala. É uma estação doce, por vezes pode até ser um pouco angustiante (afinal o Inverno anuncia-se) mas é talvez a mais bela estação. **
Chega o Outono...ama as folhas ressequidas que se acumulam na varanda quando o verão foi longo e ardente, mas teve que ir embora para outros lugares. Mas não deixes nunca de amar...
Deixo beijinho e bom fim de semana
...embora este Outono ainda esteja na idade do Verão, convidando ainda a roupas leves e pés descalços de meias. Alteração permanente das estações que gostava de saber quando se iram mesclar, entre Outono/Verão, ou Inverno/primavera.
Mas o poema e imagem são lindos
Bjs
TD
O Outono não é a minha estação, está visto, mas sim a Primavera...
Mas está cálido e sereno, acalma os sentidos, faz-nos bem.
Poema e texto muito bonitos!Escreves sempre com uma grande sensibilidade, dá gosto ler-te, minha amiga.
beijinhos
Vim aqui parar por causa do teu "destaque" no blog do herético.
Ainda bem que ele o fez, pois permitiu-me ler muito boa poesia.
Pelo que li, já deves ter vários livros publicados. Se não, a lógica é uma batata (e às vezes é mesmo...).
Um beijo.
Boa semana amiga e boas fotografias!
Beijinhos:)
Ao som de “Imagine” (Lenon), passando por “Rainbow” (The Marmalade), estou conhecendo o teu versejar. A porta de entrada foi o “herético”... daí a abril de 2006 (teu arquivo, primeiro post) foi um simples pulo... dá licença?
Deixo o meu abraço fraterno.
batista filho
...
saber
o sabor
a cor
a profundidade
partilhar
- sim: por que não?
... o silêncio
deixar fluir
o que se sente
sem palavras de dizer
...
e a ponte se fez
de vez
num abril
que não se fecha
pois as palavras
versos ou não
libertas
atravessaram o oceano
e impregnadas de maresia
tocaram minh’alma
numa noite fria
Peço desculpa...Gostei tanto do seu poema que o postei juntamente com uma Pintura minha. Lá deixei a indicação da autora e respectivo blog. Se não autorizar diga-me que eu retiro o poema. Obrigada e um resto de bom fim de semana.
O poema está postado no meu blog
http://galeriadecores.blogspot.com
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