No tempo das grandes secas
os pobres sugaram as fontes
até ao finíssimo veio de prata
No tempo das grandes fomes
os pobres devoraram os olhos
e a pele e a carne das casas
Os pobres deixaram - como sempre -
as cores ásperas na pedra
Esvoaçam os véus do tempo
nas harpas do vento leve
Mostrei-te o velho caminho da fonte por onde meu pai me levava a passear, nos meus anos meninos. Só o caminho (e mesmo esse tão diferente), que a fonte levou-a o asfalto e a sede insaciável dos homens da vila nova. Persistem os sinais da água na voz que por mim disse: Como gosto de peregrinar pelos santuários em que me guardo...
Licínia Quitério
os pobres sugaram as fontes
até ao finíssimo veio de prata
No tempo das grandes fomes
os pobres devoraram os olhos
e a pele e a carne das casas
Os pobres deixaram - como sempre -
as cores ásperas na pedra
Esvoaçam os véus do tempo
nas harpas do vento leve
Mostrei-te o velho caminho da fonte por onde meu pai me levava a passear, nos meus anos meninos. Só o caminho (e mesmo esse tão diferente), que a fonte levou-a o asfalto e a sede insaciável dos homens da vila nova. Persistem os sinais da água na voz que por mim disse: Como gosto de peregrinar pelos santuários em que me guardo...
Licínia Quitério
18 comentários:
Nasci num sítio com Fonte!
Em tempo de seca a minha mãe conta que ia de madrugada com um balde apurar a água que a muito custo ia escorrendo da rocha…Quando conseguia encher um cântaro era uma alegria…O melhor de tudo é que ela me conta isso com alegria e saudade!
Um beijo e obrigado….
Até breve
obrigada Licínia, pela visita e pelas palavras. e é claro que vais muito a tempo de descobrir o lugardemim! tal como eu, de decobrir o sítio do poema.
Persistem os sinais da água
BELO
no tempo das grandes fomes os pobres continuam
a comer pedras
mas felizmente
a fazerem amor
Persistem os sinais das memórias guardadas no tempo.
Bjs Zita
Águas ou objectos, caminhos ou montras, memórias de nós. Havia um fontanário, sim, livre: onde esvoaçavam conversas e pássaros.
Bjinhos
a água da fonte velha continuará a correr nas memórias transmitidas.
e as marcas que os pobres deixaram na pedra são as texturas árduas - e belas - das suas vidas.
mil vezes obrigada, licínia, por todas as vozes que por ti falam e que connosco partilhas.
Persistem os sinais de água. Mesmo quando as fontes desaparecem. Persiste a lembrança nos sítios em que peregrinamos com os que se aninharam dentro do nosso peito. **
Mais um dos teus belos poemas parábolas. Mais uma excelente foto a acompanhá-lo.
Como sabes tenho viajado ppouco pela Net e o prejudicado sou eu, claro.
Agradeço-te sensibilizado as que vais fazendo no meu blogue
Um beijinho e até à vista
Na Zambujeira -- Onde passei temporadas de Verão -- antes de uma das falésias chamada Varandas há uma fonte que abastecia água à comunidade. Chamava-se a Fonte dos Amores e de lá via a Praia de Nª Senhora, toda a orla rendilhada.
Agora a água canalizada alterou o valor da Fonte e os passeios até lá são acalentados por nostalgias diversas.
Compreende-se porquê.
(Retomei a actividade bloguística)
Fica bem!
como te percebo nesse teu "peregrinar". só que o asfalto tudo queima. e as harpas não (re)conhecem o vento.
adorei.
O sereno cobre o manto verde da ilha, a suave brisa que percorre os campos espalha o incontido aroma doce das uvas que o sol tinge de carmesim, no tempo presa à ilha ficaste, tanto mar!
Beijinho
Felizmente há fontes que nunca secarão!
Beijinho
A memório de um tempo(s).
Muito bonito Licínia.
Beijinho*
Licínia
Que bonito poema
E como eu gosto dos textos que acrescentas no final de cada poema que escreves.
Hoje, venho aqui tb com outro propósito:
DENÚNCIA DE PLÁGIO
A Piedade Araújo Sol do http://olharemtonsdemaresia.blogspot.com/
tem sido vítima de plágio aqui:
http://recantodasletras.uol.com..../poesias/ 583261
por uma "pessoa" de nome Lucinha Araújo a qual apenas muda os títulos dos poemas da Piedade.
O que tem acontecido com ela, poderá acontecer com qualquer um.
Um beijinho para ti.
Repito-me: muito belo, Licínia.
obrigada, sítio do poema.
:)
eu e pedro lopes do site www.luso-poemas.net estamos a pensar fazer uma antologia 100 autores, 100 poemas pela ecopy. Neste projecto cada autor participa com 1 texto. O unico custo que terá é comprar 1 livro, ou seja terá o preço de 12 euros. é um livro que pode estar em qlq loja que qualquer autor arranje para além das muitas lojas onde está presente, pensei em o convidar, se quiser será um prazer:)
resposta para pedro_lopes777@hotmail.com
grande abraço
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