Os olhos das mulheres
cavalgam as praias desertas
e a acalmia das ondas
Ficam verdes os olhos das mulheres
no seu afã de adivinhar os peixes
Águas-marinhas crescem-lhes nos dedos
longos longos
Há estrelas-do-mar a rematar
as tranças de meninas
que chegaram do longe longe
Debruçam-se serenas
sobre a caligrafia andarilha das gaivotas
a ler histórias que os netos lhes contaram
Antes que a tarde as envelheça
acendem nas areias fogos altos
e pintam as cores do sol poente
e cantam líquidas melopeias
e cantam e cantam
as mulheres da beira-mar
Volta o azul. Devagarinho. Quado menos espero, em forma de poema. Azul de calmaria, de segredos revelados, de horizontes perfeitos, de sabores antigos de baunilha e erva-doce. Azul de me sentar à beira-mar.
Licínia Quitério, "De Pé sobre o Silêncio"
17 comentários:
Aleluia, irmã,
Que bem fizeste o poema, poema
:)
belo.
como as antigas Mulheres de Atenas! bordando as tardes de espera dos navios...
"Ficam verdes os olhos das mulheres
no seu afã de adivinhar os peixes"
Os segredos escondidos. Os segredos revelados. Muito belo o poema. Um beijo.
Ès poema, minha amiga!
Está belissimo.
E tens presente no girassol...
Escolhe...
Beijinhos
Deixei-me ficar muito quedo à beira-mar ao abrigo das pequenas rochas. Presenciei emudecido o ritual das mulheres, o olhar extenso pousado no horizonte, o crepitar das chamas que mantinham sempre acesas, o cantar sussurrante que cheirava a maresia e a silêncio. Quedei-me perante uma presença maior, que desnecessitava a minha existência. Senti na boca uma intensa felicidade amarga (que vinha da corrosiva consciência do tempo). E, feliz, chorei.
Não escrevi este texto, mas como gostaria de tê-lo feito, amiga! - contudo, fiquei imensamente feliz pela partilha. Grato, de coração.
E assim, reli-o muitas vezes, sempre tendo a sensação gostosa de ouvir o canto das
"mulheres da beira-mar",
ao redor das fogueiras.
Um abraço fraterno,
batista
Há tanto azul por brilhar, nas ondas dos dias... Antes que a tarde nos envelheça!...
***
Isso, L., onde/quando/ainda somos capazes de o dizer. Como a tua volta à beira mar, com cheiros pequenos como éramos... Beijinho
A candura, paz, beleza, qualidade que tanto prazer me dão sempre ao ler.
Bjs
TD
reS guardo à linha da pele
animais antigos ecos
cidreiras criança e canela:
tecer-me
de resto S
no ra Sto.
liquidaMente cantam
esperam as mulheres:
rostos azuis à beira-vida
beijO
Muito bonito todo o que achei neste blog!!!!
Voltarei!
Beijinhos desde longe
Vim do outro lado, amargurada, do Relógio de Pêndulo que não nos deixa descansar. Ao menos aqui repouso um pouco no azul e na beira-mar.
Um coração que segue em silêncio
Colinas, cumeeiras, doce aroma de pão
Descanso na paixão, caminho nela
Quantas estações, tem o coração?
Boa semana
Mágico beijo
No outro lado do Sítio, apontamentos, registos, memórias, cogitações, conversas muito interessantes. Li os últimos ( do telefone de plástico e do repete-repete ) e achei-os hilariantes. Os mais antigos ficarão para depois com mais tempo e mais calma.
Bonito.
Muito.
não tenho palavras.
gostei muito!
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