1.12.07

PERCO-ME









perco-me de luz pelas fronteiras
do velho mundo em canto amigo

ah as gôndolas nos canais de veneza
ah as casas brancas de mikonos
tão saborosamente iguais
às casas brancas da nossa aldeia

perco-me de música pelos canaviais
e escuto os segredos dos príncipes
e o assobio do guardador de rebanhos
e a vingança do flautista de hameln

perco-me de cor pelas searas
quando as túlipas se rendem loucas
ao negrume oblíquo dos corvos

perco-me de ternura ah perco-me
pelos homens de sol no meu país de sombra


Em louvor de todos os que, neste tempo de cerco, não se conformam, não se rendem e avançam com o sol nas mãos.

Licínia Quitério, "De Pé sobre o Silêncio"

16 comentários:

Alberto Oliveira disse...

... deste vez sem a ironia do costume, porque a leitura deste poema não se deve perder.

Parabéns também pelo bom-gosto e posicionamento das imagens.

beijinhos.

Maria P. disse...

Contigo as palavras ganham outra dimensão.

Beijinho*

Mar Arável disse...

belo poema

justa dedicatória

bjs

bettips disse...

No 1º dia do último mês, abençoamos os que resistem (há por aqui um papelito "assim" que irá depois para o meu sítio).
Com o teu poema, também se nos cai a ternura, perdidamente, gota a gota, à medida que o lemos. Bjinho

aquilária disse...

triste tempo este, licínia. penosos os caminhos dos que não se acomodam.

belo poema

Maria Laura disse...

Saboreei cada palavra, cada razão por que te perdes. E o final é, sem dúvida, a coroa do poema. Belo.

Graça Pires disse...

Avancemos com o sol nas mãos, neste país de sombra...
Um beijo.

Manuel Veiga disse...

iluminas o Sol com teus poemas. neste País de sombra...

© Maria Manuel disse...

muito bom!
a mensagem justa expressa em momentos de grande beleza.

un dress disse...

pintar e pintar-se de cor.

e sim, ceder à ternura...






beijO ~

Joana Roque Lino disse...

lindíssimo poema, Licínia Quitério. Abraço

Anónimo disse...

cara licinia,

pediram me para q convidasse para o blogue das artes.

www.bloguedasartes.blogspot.com

manda-nos um mail (mail ta na pagina) para te mandar o convite.

beijo

Duarte

Vasco Pontes disse...

Olá irmã,
Uma peça muito bem trabalhada. Formalmente impecável, o ritmo quase canção, a linguagem cheia da força das imagens que vais
dizendo (ia aqui a dizer "explicar" só para provocar a aquilária... :)).
Gostei, muito, do tema, como tu sabes que gosto. Tocou-me a ternura. pelos homens. Fora de moda, amiga, mas bom na mesma (até porque neles não se esgota)
Bom que te percas assim, dessa maneira genuína, elevada e, superiormente poética.
Um pouco lamechas, sei, mas o poeta hoje acordou assim
:)
Beijos

~pi disse...

luzes e fronteiras.

que insidiosa

e sedutoramente

nos brilham.

andorinha disse...

Ter o sol nas mãos é uma forma de liberdade.
Um belo poema.

Kalinka disse...

Parabéns pelo poema cheio de excelente bom gosto e muita ternura.

Deixo um abraço iluminado de estrelas de Natal.

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