Um rio de securas,
porta aberta ao mar,
desejo forte de onda,
sonho de barcos, de remos,
de velas. Quem lhe dera.
Teve peixes, sim,
de prata pura.
No tempo das raparigas
de bronze e dos rapazes
de músculos inquietos.
No tempo dos cachos de uvas,da jangada,
das bocas das raparigas,
das vozes dos rapazes.
Foi um rio de risos,
de ousadias, de chapéus de flores,
de ninfas e efebos,
de iniciações e descobertas.
Um rio de foz,
sem novas de nascente,
um rio leito
de frescura e ardência.
Era jovem, amado
e as gaivotas poisavam
na sua respiração
de madrugar.
Se o mar de novo entrar
quem sabe brilharão
os dorsos das tainhas
e os chapéus de flores
e os bagos de oiro
voltarão a enfeitar
os risos de outras margens.
Licínia Quitério
10 comentários:
Lembranças de tempos idos...
AIDA
Voltarão, Lícinia? Esse rio conta-nos histórias e o mar amava-o. Tocou.
Belo poema minha amiga! E se isso é o sitio do poema, vou já escrevinhar para ao pé de ti!
Um beijo.
bagos de oiro, nos cachos do tempo. amável. e breve...
belíssimo.
beijos
A memória dos sentidos. Sombras que são a foz de um rio...
Um beijo Licínia e Boa Páscoa.
... entretanto estão a despontar os cravos
com memórias de amanhãs
Bjs
Que seja "tempo esperança"! E voltará a haver "novas da nascente"!...
Um belo poema, no "Sítio" certo!
Beijinho e Páscoa Feliz
Façamos então com que o mar entre, depressa, e acabe com essa secura, essa nostalgia...
Ainda tantas águas para contar as nascentes cristal...antes da foz...
Tão bonito e tão triste. Tão solitária a memória.
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