20.5.11

Estou presa



Estou  presa no verde da cidreira,
na sanguínea do bago da romã,
na coroa de céu do agapanto,
na seda do lírio, no linho,
da semente ao lençol,
do lençol à lenda de esponsais,
na noite da coruja,
no rouxinol do imperador,
na crueldade dos impérios,
no amarelecer da pele,
no rosado do pêssego.
Enredada estou na quadrícula
das sílabas, no ardil das palavras,
no labirinto dos poemas
de todos os poetas
de todos os tempos,
no cansaço das dúvidas,
do clamor das servidões,
da lentidão das utopias.
Presa e enredada estou
na soberba vontade de saber
a carne do infinito.


Licínia Quitério

7 comentários:

Anónimo disse...

Estás presa à magia das palavras que dominas com mestria...
Agrades

Anónimo disse...

Não quadradas, redondas e mansas, mesmo vigorosas, as sílabas.
Do quarto.
Bjs da bettips

Justine disse...

E essa lucidez só pode dizer que és livre!

Manuel Veiga disse...

presa à generosa vontade de Futuro.

belas as prisões que libertam.

beijos

Mar Arável disse...

Se não existissem margens

os rios corriam

livres

Bluuu disse...

Gosto imensamente... Presa nas asas do pássaro-poesia...

sandrafofinha disse...

Bastante bonito!! Presa à vontade de vencer na vida. Lindo este poema,eu adorei. Beijinhos fofinhos,fica bem!!

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