19.7.11

ENCOLHES OS OMBROS






Encolhes os ombros a afastar
os répteis da lembrança.
Os teus olhos vagueiam
pelas feridas das casas.
Tens medo de saber a chegada da água,
o cheiro a lodo nos remos,
os metais corroídos,
o desejo a afundar, a afundar.
Cada sombra um sobressalto,
uma gota de suor na palma da mão.
Porque guardas a moeda
se não acreditas no barqueiro?

Licínia Quitério


9 comentários:

Maria disse...

Muito intenso...
(e uma reflexão interessante no final.)

Beijo, Licínia.

Anónimo disse...

Amiga
Poema de grande profundidade, a convidar, efectivamente, à reflexão!
Beijinho com amizade
Quicas

Mar Arável disse...

A poesia é assim

interroga

não responde

E já é tanto

Justine disse...

Falas da velhice? Do passar vertiginoso dos dias? É que há tanta beleza neste nosso passar de tempo como há no teu poema e na foto que o ilustra...

Manuel Veiga disse...

... e no entanto é necessário prosseguir. apesar do lodo. e do sono dos barqueiros.

muito belo. sempre,

beijos

Lídia Borges disse...

Encolher os ombras parece tão pouco...

Belíssimo!

L.B.

bettips disse...

Alguma crença
que se agarra a nós.
Com ela, o encolher de ombros é mais suave e as portas ganham a dimensão de belezas antigas.
Levo a moeda.
(Veneza?)
Lindo L.

M. disse...

Tão bonita a expressão "as feridas da casa". Sim, as casas têm-nas. Lindo!

sandrafofinha disse...

Bastante bonita a imagem que escolheste para este post também. Eu jamais encolho os ombros para nada,a gente tem que ter força de vontade para fazermos as coisas que queremos,temos que conseguir ultrapassar os nossos problemas. Mil beijinhos fofinhos,fica bem amiguinha!!

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