2.10.11

SABER O MAR



Saber o mar, cara a cara, sal a pele,
na branca viagem dos barcos
que me sulcam as mãos.
Olhá-lo de manhã como quem bebe
a rosa líquida do dia.
Ao fim da tarde como quem pensa
uma criança nua ou uma cidade devastada.
Não me deter no olhar e caminhar,
descer a rua, uma rua qualquer,
que todas vão dar a outra rua que
as conduz ao mar.
Será o mar o meu amor
maior que mãe, amante, amigo.
Será  a minha pátria e o meu desejo
permanente de partir ficando.
Por isso desço a rua e o fito, cara a cara,
a qualquer hora, e bebo o sal e
molho a pele e fecho as mãos
que  guardam barcos e choro.
E fico.

Licínia Quitério 

7 comentários:

hfm disse...

Como te compreendo e que bela forma de o dizer!

Manuel Veiga disse...

fiamos, pois! rangendo os dentes e fechando punhos.

... e sonhando barcos!

belíssimo.

beijos

Mar Arável disse...

... e assim...

respiras por guelras

Justine disse...

O mar é o infinito e o futuro! E depois, o simultâneo desejo de partir e a necessidade de ficar - que poema de urgências e de força, minha poetisa!

Graça Pires disse...

Tão belo, Licínia!
Um beijo.

M. disse...

Na beleza das tuas palavras a força do pensamento.

Sônia Brandão disse...

Eu amo o mar.E você traduz bem as sensações que o mar desperta em nós.

bjs

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