8.2.14

OS DIAS


Animais perseguidos, os dias 
fogem em direcção ao poço, 
ao princípio onde crescem 
os botões de luz, as ervas, 
os ribeiros ou o pequeno nome
onde se ergue um homem.
Na pressa de chegarem,
os dias deixam penas,
cascas de árvore, casas,
cantos solenes de morte e nascimento.
Imensa a tela onde se escrevem
músicos, poetas, pintores,
santos e vagabundos. 
Todos procuram o travão dos dias,
a explicação da treva, 
a distância que vai do braço 
ao arco, dos olhos à janela.
Correm os dias, perseguem
e são presa, uivam nas clareiras,
lambem os corpos, assinam
a quadrícula que fica das cidades.

Licínia Quitério

3 comentários:

Anónimo disse...

Tenho-os sentido assim, alcateia ao longe. Pingo a pingo, entre os interstícios das noites e as nuvens da memória.
Arco ao pensar que liga, muito belo, Lil
bjinho
da bettips

Manuel Veiga disse...

dias esquivos - corças breves e fugidias...

beijo

Graça Pires disse...

Senti os dias a passarem no teu poema... Muito belo.
Um beijo, minha amiga.

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