23.5.15

O LUGAR


Inauguro um lugar 
onde dantes era um sopro azulado,
com cheiro a erva esmagada.
Agora todas as pedras têm corpo
e as árvores têm braços 

e acenam.
Quanto a mim, existo num respiro
onde mergulham as aves de outro tempo. 
Sei que vou desmoronar,
por dentro, 

só por dentro.
Murmuro palavras, 

repito-as,
até calarem por falta de virtude,
até o lugar ser a morada do tédio.


O lugar concreto 

pode conter o princípio do abandono.

Licínia Quitério

3 comentários:

Mar Arável disse...

Com a serra às costas

Graça Pires disse...

O teu lugar...
Beijo.

Manuel Veiga disse...

todos os lugares são lugares de passagem...

o que importa é a reinvenção da palavra
e respirar fundo o sopro.

belíssimo poema

beijo, amiga

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