30.8.15

DOLOROSOS OS TEMPOS



Dolorosos os tempos da cobiça
do oiro nos filões, nas profundezas.
O tempo dos homens contados 
à saída da mina como se fossem
vivos, de braços, de pulmões,
de esperanças nunca ditas.
Longuíssimos os dias de escuridão e pó,
no temor da vingança dos guardiões
da terra, a poderosa, a violada.
Após a derrocada, um silêncio
maior reclina-se sobre os campos
onde o escombro sorri ao novo escombro.
A mina guarda os homens que faltam
à contagem, agora iguais ao oiro, à escória,
indiferentes ao pó, ao choro dos vivos,
à maldição dos ogres.
Na paisagem perdura a escrita do abismo.


Licínia Quitério

6 comentários:

Mar Arável disse...

Estamos minados
Bjs

Manuel Veiga disse...

escorrentes escórias que envenenam...

beijo

Graça Pires disse...

Dolorosos tempos, sim...
Um beijo.

Jaime Portela disse...

Li alguns dos seus poemas e fiquei encantado.
Parabéns pelo talento poético que as suas palavras revelam.
Licínia, saudações poéticas e boa semana.
Abraço.

Licínia Quitério disse...

Obrigada, Jaime Portela. Informo que estão alguns livros meus na belissma Biblioteca Municipal de Viana.

tb disse...

Dolorosos os tempos sim minha amiga, no entanto que inspiração tens e maravilhosa forma de os descrever.
Um beijo.

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