28.1.16

UMA VARANDA


Há uma varanda sobre o tempo
onde debruço os meus espantos

de haver serras, vales e o casario
feito de pedra e ausência.
É uma longa varanda de silêncio
aberta à novidade e à tradição
com que um país se faz e se desfaz.
A varanda tem um livro que se lê
ao despertar dos dias quando o sol
ganha altura e incendeia e os olhos
inundados recuperam do berço
ternuras maternais.
Varanda atenta às tardes, 
escudo de ventos, esteira de sossego,
e o livro aberto  a convocar 
memórias de invasores 
que de amores se perderam
pelas rubras mulheres,
pelas águas tentadoras.
Ao desdobrar da noite podem acontecer 
mistérios, nebulosas,
ou o trote louco dos cavalos.
Pode também acontecer que a varanda,
rendida à vibração nocturna, se recolha,
feche o livro e os homens adormeçam 
enquanto estrelas nascem,
estrelas morrem.

Licínia Quitério

4 comentários:

Mar Arável disse...

já me debrucei na minha escarpa

Bjs

Elvira Carvalho disse...

Um excelente poema. Gostei muito.
Abraço

Graça Pires disse...

Que mais acrescentar ao que já sabes que sinto quando te leio?
Um beijo.

Genny Xavier disse...

Todos temos uma varanda de onde debruçamos os olhos ao tempo e às paisagens sazonais...

Uma feliz visita neste "Sítio de poemas"...
Abraço.
Genny

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