28.12.20
LADAINHA PARA O ANO NOVO
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22.12.20
A IDADE
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13.12.20
DEZEMBRO
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28.11.20
MÃOS
Nas minhas mãos nascem caminhos
por onde o sangue corre
a levar recados do coração.
Sei de borboletas que ali flutuam
porque o bater das asas se anuncia
no tremor da pele.
Digo borboletas
mas poderia dizer antigos sonhos
que não desistem de adejar.
Digo das mãos
para dizer trabalhos nunca acabados,
na orla das grandes tempestades,
à entrada dos túneis imensos
com uma sombra ao fundo.
Digo mãos
como se amor fosse
a mão a acenar a outra que passa,
branca e fugidia,
nas noites de lua nova.
Licínia Quitério
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15.11.20
DESERTAS AS CIDADES
Desertas as cidades
quando todos faltaram
ao encontro com o medo
e a derrota
Nem a voz dos cães
nem o restolhar das folhas
Nada soa nas paredes das casas
Nem o respirar dos velhos
nem a risada dos novos
Cidades prisioneiras
de gente prisioneira
do silêncio novo
encomendado e servido
em bandejas de cobre
oxidadas de verdete e malícia
Cidades programando a ruína
desprezando a gente e os seus lamentos
alimentando a lassidão ou o desespero
a raiva ou a desistência
num bailado incoerente
estúpido e silencioso
Não há traço de morte nas cidades desertas
Vivem o seu prelúdio da loucura
Licínia Quitério
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1.11.20
MARÉ
não posso escrever sobre o sal
como se fosse areia
uma rocha é uma rocha e não posso
esmagá-la com os dedos desta mão
não posso escrever medo
com as letras todas do amor
no tempo do impossível
tudo é o contrário de si mesmo
e a minha vontade pouco conta
contra o muro invisível
da tormenta
tudo muda e tudo permanece
entre o longe e o perto
apagou-se a distância
não posso escrever porque não sei
o inacessível alfabeto
da silenciosa impiedosa maré
Licínia Quitério
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1.10.20
POEMA MILITANTE
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25.9.20
21.9.20
VERÃO
Anda por aí, de porta em porta, em despedidas.
Não é como o pai natal.
No saco não traz presentes
mas ameaças.
Diz, envolto num pano de vento:
Portem-se bem,
não abram os armários da ternura,
esqueçam tudo o que aprenderam sobre o amor.
Se assim fizerem,
voltarei para o ano a visitar
as vossas cidades de gelo.
Há quem lhe chame o medo.
É apenas um Verão
que aprendeu a mentir.
Licínia Quitério
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5.9.20
HAVEMOS DE VOLTAR
Havemos de voltar deste degredo
com a bagagem que guardámos
a salvo da inclemência e da usura.
A nossa pele terá envelhecido
esquecida do calor do outro corpo.
Proibida a volúpia
as nossas mãos serão maiores
porque espalmadas longo tempo
nas coxas, nas mesas,
nos vidros das janelas.
Na aprendizagem das fronteiras
soletrámos medo com as letras
que dantes nos diziam amor
ou ousadia.
Havemos de voltar da guerra
sem saber para que servem
os braços ou os lábios
a não ser para funções de sobrevida.
Por muito tempo havemos de temer
o irmão, a mãe, o filho,
todos capazes de nos matar
com a arma invisível
que o seu sangue transporta.
Voltaremos do palácio da demência
à casa donde nunca saimos
e nada contaremos da viagem.
Licínia Quitério
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18.8.20
O POEMA
Palavras chegam, limpas, arrumadas,
segundo a ordem natural da fala.
Estranho despertar, com o poema
oferecido, desnudo, cruel, maravilhoso.Obscuro o poder das palavras na pele
que de lágrimas se faz quanto de força.
Agradeço e aceito e amaldiçoo o poema.
Com ele vou pelos caminhos do dia,
a desbravar o tédio e os silvados.
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4.8.20
15.7.20
O FIO
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27.6.20
OS LUGARES DA NOITE
Os lugares da noite escrevem histórias
proibidas aos mortais.
Se a chuva os toma
abrem as portas do choro,
deixam correr rios ignorantes
de margens e barcaças.
Na devassa dos ventos
tecem intrigas e lançam pedras,
sustos, gritos, às vidraças.
Às vezes acendem luminárias
e são olhos de feras,
candeias caminhantes,
fogos-fátuos.
A lua nova aguarda
o seu parto de luz
para ensinar aos homens
os lugares da noite
e as provisórias trevas.
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12.6.20
LUGARES
de céus abertos
ao Sol e à Cassiopeia.
Apetecidos, distantes, únicos,
oferecidos ao guloso melro,
à fértil mariposa.
Lugares de iniciação de caminheiros
sem regresso.
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10.6.20
SILÊNCIO
vestido de branco
denso
quase a doer
silêncio que não rejeitava
a pulsação nas veias
uma cadência
de sino a ensaiar o toque
o silêncio da fala da minha mãe
só olhar
só sorrir
muito antes das palavras
o silêncio do amor
religioso
breve
para depois ser lágrima
explosão
o meu desejo dele
é agora uma maneira de dizer
uma marca num livro
um nome antigo
duas linhas paralelas
no palco da memória
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3.6.20
9.5.20
3.5.20
O COLO
que tangem os sinos
do princípio dos dias.
É o cheiro das flores
do tecido das mães
que alaga a pele
e se faz céu e lago.
Pelo meio da história,
o sabor do leite,
a dor do coágulo,
a tormenta do linho.
Depois, a insipidez do soro,
a mudez dos sinos,
a ausência do cheiro das flores.
Recuperado o colo.
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20.4.20
17.4.20
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4.4.20
O TEMPO BRUTO
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28.3.20
UM LEVE RUMOR
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27.2.20
23.2.20
POMBO
Que vês tu, pombo, desse teu cesto de gávea?
Sentes-te a salvo das ondas e dos mareantes de novas naus?
Pensas que o céu é o teu protector em dias de procela?
Será que esse teu olho é uma opala que o grande fogo te ofertou?
Sabes que pergunto porque há muito esqueci as respostas?
Adeus, eu vou em busca de outras aves.
Licínia Quitério
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