em que mares navego
em que reinado
que sombras me decoram
em anel de virtudes
outrora celebradas
e que dizer dos ossos
a aguardar banquetes
de matilhas esfaimadas
sem deuses que castiguem
ou perdoem
que fazer com o silêncio
da dor que implode
o prédio da saudade
ser português O’Neil
aqui agora
não cabe num poema
é uma aflição
Sabe-me bem falar com os Poetas, os de hoje e os de ontem. Atrevo-me. Peço-lhes de empréstimo as palavras que descobrem ou que refazem, os sentimentos que revelam e onde vamos encontrar amparo, as reflexões sobre a vida e o mundo, sempre traçadas na fronteira do choro e do riso. Alexandre O'Neil é um dos sacrificados pelas minhas incursões nos seus domínios, conforme amostra acima. Ele que escreveu um poema tão belo sobre o País que amava e que tão mal o tratou. Passo a transcrever o final:
"...Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós... ".
Licínia Quitério
18 comentários:
Licínia,
Como me encanta vir cá espreitar!!!
E como também gosto do meu País, apesar de todos os pesares, se bem que não seria de todo descabido sermos comprados pelos espanhóis, ah, ah, ah
Bjs
MDB
Amiga,
Pois é bom ter amigos :))))Obrigada pela tua visita, querida.
Quanto ao O' Neill, ainda há poucas semanas estive numa tertúlia organizada pelo meu filho mais velho, em que apoeia lida foi deste grande poeta e publicitário do nosso tempo.:)))
Beijinhos grandes para ti e para este teu jeito especial de leres e de fazeres ler.
(...) Peço-lhes de empréstimo as palavras que descobrem ou que refazem, os sentimentos que revelam e onde vamos encontrar amparo, as reflexões sobre a vida e o mundo, sempre traçadas na fronteira do choro e do riso.(...)
Está perfeito. :))
bom dia, licínia
espero que esteja tudo bem consigo
se não se importa, vou visitar os contactos que comentaram o meu texto no post anterior e agradecer a cada um deles pelas palavras
um grande beijinho
bem haja ;)
alice
Olá licinia,
vou ficar aqui, de mão dada contigo, a sentir/ser português. ... não sei se colocarás textos melhores, mas duvido que algum possa ser mais sentido.
Beijos
Que surpresa agradável este sítio... mais do que dar a conhecer a poesia dos mestres, há a preocupação e, mais do que isso, a sensibilidade, de os comentar.
Gostei muito.
Até breve!
Visitar quem me visita é quase um 'dever' para com quem se debruçou sobre as minhas palavras. Obrigada pela tua visita, Licínia.
O teu espaço é um momento poético de grande elevação. Não só pelos poetas que eleges mas, e sobretudo, pela interpretação das suas palavras com as tuas próprias imagens.
voltarei :)
um beijo.
Gosto desta simplicidade e deste pensar alto que aqui tenho encontrado. É tão bom!
Um beijo.
obrigada...é só mais um. blog. :)
Muito profundo este Ser Português!
E cada vez mais actual, infelizmente...
Gostei muito!
Bjs
Falar com os Poetas é uma forma de os trazer para mais perto. Vou ficar por aqui a ouvir.
Um beijo.
O cheiro da Poesia no Sítio todo, para ser respirada...
Obrigada!.
Um Beijo
Portugal é assim - a tratar os poetas
e não só...
O´Neil é um dos meus poetas favoritos e que ainda tive oportunidade de conhecer em vida. Tanto na escrita, como na palavra, era um homem de ironia afiada e de dar os recados na hora, sem os mandar por ninguém ilustrando o Portugal de então como poucos o fizeram nas letras.
Também admiro as tuas conversas com os poetas, como é o caso deste. Sinal que está bem vivo na tua memória; e na minha e de muitos outros de nós.
Abraço.
Que blog simpático e rico.
Que gostos requintados, que mar doce se espraia nas palavras que bem dizes e que melhor escolhes.
Parabéns.
O'Neil é um dos meus poetas de eleição e esse poema de que falas exprime de forma extraordinária as questões mal resolvidas que cabem nesta nossa qualidade de portugueses.
Tu fizeste jus ao grande poeta que "visitaste".
Beijinhos
http://mulher50a60.weblog.com.pt
Boa escolha vizinha.
um beijo.
Grande poeta, com certeza!
Cumprimentos meus
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