17.10.22
ESQUECEREMOS
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14.10.22
MUDANÇA
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4.10.22
O SUSTO
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22.9.22
IMPREVISIBILIDADE
Este não é o tempo de prever
É o tempo de ver como nunca se viu
Incerto o tempo futuro como sempre foi
Acabou-se o tempo dos adivinhos
o tempo dos profetas
Dos deuses nem se fala que perderam
os manuais de perdões e castigos
A chuva ou o tufão não se anunciam
As guerras não sabem de vitórias ou derrotas
Constante apenas o nascimento
dos filhos das mulheres, dos homens
porém sem tempo certo, sem aviso
Um pé depois do outro devagar
que o caminho não fala de chegada
e a ideia de regresso foi esquecida
É este o tempo de aprender
o tempo nosso de cada hora
o pão de todos enquanto é dia
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2.9.22
SETEMBRO
E vem mais um Setembro
com a memória do restolho ardido
na passagem do incêndio
na passada da guerra
Traz o olhar soturno este Setembro
como se anunciasse derrocadas
desertos
vinho azedo
dilúvios
como se fosse profeta ou adivinho
como se não soubesse
da crueldade
a assolar todos os Setembros
quando o leite das mães se faz coalho
as fontes secam
as aves esquecem a partida
Vergado este Setembro
ao peso da estiagem
o passo incerto
de quem já muito andou
e ainda arrisca
outra viagem
na busca duma flor
entre os escombros
Licínia Quitério
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24.7.22
DA IGNORÂNCIA
como explicar o choro no restolho
se os humanos já ali não vivem
e o silvo a cortar os ares
a fazer-se lume e a estilhaçar a sorte
dos audazes
quem lhe deu a mão lhe segredou
o nome da distância
de perguntas andam grávidos os dias
pesados os dias
vamos pisando as respostas
há muito afundadas no chão das guerras
senhora da ignorância afasta-te de nós
Licínia Qiuitério
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22.7.22
NEM OS POETAS
A decadência veloz duma era, o anúncio da mudança, a relatividade do mal, a pressa e o temor de conhecer o acto final.
Travestidos os bruxos, as sibilas, indecifráveis os oráculos.
Tempo de fogo e enxurrada a adubarem a pobreza infinitamente crescente.
A natureza e os humanos em competição, no sofrimento, na mortandade.
Nem os poetas, nem eles, se apercebem das vozes nos seus pátios interiores.
Licínia Quitério
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3.7.22
CANSAÇO
Que sei eu do cansaço senão o que li nas pernas das mulheres
nas cordas cinzentas que lhes sobem pelas pernas
até ao peito que já foi fonte e se cansou.
Nos homens que não se cansam de plantar
para dar de comer a outros homens que tombam de cansaço
na beira dos campos, na beira dos dias.
No eterno cansaço de Sísifo, coitado,
iô-iô de deuses brincalhões
agora carrega agora sobe agora desce
e sempre e sempre sem descanso
mesmo nos quadros dos pintores famosos.
No cansaço dos poetas mais ou menos líricos
a obrigarem as palavras a dizer o que eles pensam que os
outros sentem
e elas sim as palavras a ficarem cansadas e inúteis e a fugirem
na primeira aragem.
No supremíssimo cansaço de Álvaro de Campos.
Licínia Quitério
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29.6.22
XADREZ
Todo o mundo procurando
posição no tabuleiro.
Casa branca, casa preta,
qual das torres cai primeiro,
quantos cavalos se contam,
quem vem lá enviesado
que não deixa ver a cor.
Os infantes devorados,
alta dama vai cair.
Frente a frente,
casa branca casa negra,
senhor negro senhor branco,
e o tabuleiro a estalar,
a ruir, a regressar
à árvore de que foi feito.
Xeque mate, xeque mate.
Licínia Quitério
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26.6.22
A MAÇÃ
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14.6.22
CHEGAM AS ROSAS
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7.6.22
O UNIVERSO
Na minha mão o universo.
Sei que ele começa na semente que lancei à terra.
Expande-se o universo.
Só precisa de água para se fazer verde, aquele verde a que chamamos azul.
Na pele do universo nascem estrelas, planetas, que a minha mão afaga como se afaga o infinito.
Comovem-me a rosa, o tomate, quando me mostram a Lua, a Estrela Polar.
Um dia a minha mão perder-se-á.
O universo continuará para outras mãos onde ele sempre recomeça.
Licínia Quitério
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4.6.22
VAGUEAVA
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30.5.22
FANTASIA
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11.5.22
OS OBJECTOS
os objectos
uma vida duas vidas muitas vidas
revividos recompostos resistentes
inertes
atentos persistentes permanentes
viajantes
de parede em parede
de chão em chão
de casa em casa
provocadores
espreitadores
sabedores
guardadores
de amores de segredos de degredos
de histórias tantas quantas
os anos as casas
as tempestades as danças
descoloridos deformados
estalados esventrados
os objectos são
a aragem
o anúncio da passagem
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14.4.22
NOVO LIVRO
Casa de Cultura D. Pedro V
Rua José Elias Garcia, 72
MAFRA
Ali terei o prazer de vos receber para uma conversa amena com poetas e poemas.
Licínia Quitério
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29.3.22
PALAVRAS NOVAS
Precisamos de palavras novas
limpas de violência e de perjúrio
Palavras breves libertas da rouquidão
encharcadas de sol e de abundância
Estamos cansados de palavras velhas
carregadas de pólvora e botox
a pesarem na surdez dos rebanhos
Havemos de fazer a festa das palavras
se elas enfim chegarem e contarem
com que sílabas calaram
a infame ladainha dos guerreiros
sobre as ruínas metodicamente construídas
Licínia Quitério
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26.3.22
A GUERRA
Nasceu da
raiva dos vulcões
da inclemência
da tempestade
da secura
das florestas
a guerra
alimentou-se
do leite azedo das mães
do sangue
arrefecido dos soldados
da desmesura
dos imperadores
a guerra
cresceu para
ser dona das casas
das ruas das
cidades dos países
para secar
os rios
para queimar
os corpos
para rasgar
os mapas
para apagar
os nomes
a guerra
ergueu
altares ao ódio
à doença à fome
à morte de
inocentes
a guerra
declarou-se
invencível
universal
eterna
obedecida e
venerada
a guerra
esqueceu-se
do amor
e definhou
a guerra
Licínia Quitério
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